pós-terapia

a energia é universal. o que muda são as vibrações. positivas & negativas. me disseram que é puro erro achar que se proteger quer dizer se blindar. tem mais a ver com se preparar. o corpo conversa o tempo todo. então, melhor bater aquele papo bom e deixar que a energia circule entre os outros. permissão. doação. saí da terapia atravessada por esses pensamentos. estou num lugar completamente novo. quero voltar daqui um tempo e ler esse deslocamento. finalmente, deixei o amor chegar. é a primeira vez que escrevo isso. que leio que escrevi isso. escrever, pra mim, é muito mais difícil do que falar. digo no sentido de que é minha comunicação mais forte. mais intensa. mais profunda. se escrevo, pá: é coisa que vem de dentro. mesmo. outro dia, chorei depois de transar. um choro confiante. lúcido. de certeza. de beleza da vida. da janela aberta. do corpo entregue. envolvido. investido. tenho escrito pouco. aliás, demorado mais para escrever. numa piração total, que talvez faça sentido ou não, não importa agora, seja porque tenho demorado mais nos sentimentos. enfim, estou aprendendo a perceber o tempo. a contemplar o ócio. a trocar a culpa pela responsabilidade. a não contar os orgasmos. a sentir mais com a pele, como eu sempre desejei a mim e aos outros. hoje, conheci uma poeta de Belém do Pará que tocou por baixo de tudo. Olga Savary. meu agora, meu tempo, meu começo.

Sempre o verão
e algum inverno
nesta cidade sem outono
e pouca primavera:

tudo isto te vê entrar
em mim todo inteiro
e eu em fogo vou bebendo
todos os teus rios

com uma insaciável sede
que te segue às estações
no dia aceso.

Em tua água sim está meu tempo,
meu começo. E depois nem poder ordenar:
te acalma, minha paixão.

Olga Savary

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