girei o timer do fogão sem querer. que desespero. um aviso de que não tenho muito tempo. o tempo tá curto. capaz de eu nem dar conta. capaz de eu abandonar tudo pela metade. hoje eu preciso ir à feira. comer mamão deve ser bom nessas horas. hoje eu preciso ir no terreiro. deve ser lindo morrer no terreiro. hoje eu preciso dar uns passos. preciso arrumar a casa. terminar o livro prometido. estamos vivendo o tempo do pensamento acelerado. uma amiga querida cuida de mim nesse momento. ela me contou que voa em sonho. escala paredes sem proteção. pula de abismos. tudo em sonho. fiquei na paranoia & com inveja. queria sonhar que mergulhava. que baleias não me dão medo. que eu cruzava com uma e fazia carinho. que entrava no mar e ia nadando cada vez mais fundo ao lado de peixes maravilhosos. acabei sonhando que mandava mensagem agradecendo o cuidado. fiquei na dúvida se era sonho ou não. acordei e vi que foi sonho. mas tratei logo de realizá-lo. é sempre um choque quando o afeto chega. estou num processo bonito e cuidadoso de autoconhecimento, o que me deixa em grande comoção quase o tempo inteiro. e tem o céu e o mar que provocam sérios abalos no meu sistema nervoso. ando atenciosa à temperatura das pessoas também. gosto de gente quente, que quase queima com o olhar ou com o toque. gosto muito da sacudida que dá um calor entre as pernas. mas ando maluca por um calor entre os braços.

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